Lembranças

Não te vejo faz tanto tempo, não ouço sua voz faz anos.
As vezes tenho medo de achar que nossas lembranças são
delírios inventados pela minha cabeça...

Ainda mais por carregar detalhes que só eu conheço, pequenas
coisinhas que ninguém pode me confirmar.


As vezes parece que meu cérebro te inventou.
São lembranças que me parecem TÃO longe, mesmo que elas
estejam tatuadas em cada parte minha, de dentro para fora.

Te memorizei com tanto fulgor, que o medo de te esquecer,
faz doer ainda mais que lembrar que você escolheu me deixar aqui.

Nunca é

Não foi por acaso que te conheci naquela tarde fria,
o acaso também não teve relação alguma com o amor que veio junto.

Ninguém passa por acaso por nós.
Nem as pessoas com quem trocamos apenas um olhar,
por uma fração de segundo enquanto vivemos apressados.

As pessoas são como ondas.
E cada uma delas nos balança ao passar por nós, algumas com tamanha
intensidade que perdemos o alcance do chão, outra são sutis como uma brisa,
outras batem com força, algumas passam despercebidas.

Mas todas elas tem algo em comum, elas ensinam!
Cada uma do seu modo. Elas nos modificam, cada uma delas.
A onda que passou por mim ontem, não seria capaz de passar por mim hoje de novo,
pois já não somos as mesmas, nem pessoa, nem água.

As vezes precisamos nadar contra as ondas, em outras apenas deixar ela nos levar.
Mas como saber a hora certa de fazer cada uma dessas coisas? O ponto é esse, não sabemos.
Podemos escolher aprender com a maré, ou morrer afogados em um punhado d'água.

Não foi por acaso! Sua onda precisava me transformar, para que hoje eu fosse capaz
de entender, que maré sobe, maré desce, que as pessoas vem, as pessoas vão.
E que nunca é por acaso!

29/03/2019

Você.

Eu busquei você.

Em outras bocas tentei te encontrar. Com sede, com pressa, com tamanha saudade.
Procurei seu calor em outros corpos. Mas nenhuma pele era como a tua. Nenhum
outro toque foi capaz de me arrepiar a nuca e me fazer perder o rumo, ao ponto de
não saber onde começava você e me terminava.

Nenhum outro lábio foi capaz de me dizer no pé do ouvido, aquelas coisas que me tiravam
do ar, entravamos em sintonia. A batida era perfeita, o ritmo perfeitamente ensaiado e sem erros.
Sua voz ganhava melodia, e se fazia canção. Seu toque corria por meu corpo como uma fagulha.
E quando seus lábios encontravam os meus, nada mais se fazia necessário, tudo sumia e ao mesmo tempo tudo parecia estar ali, esperando por nós.

Nenhuma pessoa foi como você. Não chegou nem perto. Tudo parece morno e sem gosto.
Mas cansei de buscar uma pessoa que não quer mais ser encontrada. Me resta o gosto doce na boca,
o perfume que paira no ar, a saudade que me aperta o peito dia sim e no outro também.

Hoje eu quis

Hoje eu quis um amor.

Um abraço para me aconchegar e dormecer despreocupada.

Uma mão onde pudesse entrelaçar meus dedos. Que me segurasse com 

a força sutil de um vendaval. Pés dispostos a caminhar lado a lado, comigo.

Olhos no mesmo horizonte, corações na mesma sintonia. Eu você e o mundo.

Hoje eu quis ter você.

Como uma criança que anseia um brinquedo novo.

Com sede e pressa de quem esperou demais.
Sem joguinhos, sem desculpas.
Só você, nu e cru, para mim.

Hoje eu quis ser pedaço teu.
Mas sou pedaço meu, o que restou de mim. 

Queria ser a peça que faltava para deixar sua vida completa.

A cereja do bolo, te fazer transbordar. Suspirar.
Te roubar o sono, a paz, sorrisos.

Hoje eu quis tantas coisas...
Mas lembrei que não depende só do meu querer, que não é suficiente
por nos dois. Pena, pois te faria poesia, a mais bela canção de amor...

Mais do mesmo

Eu mereço mais, sabe o pior? Eu sei disso!
Mas ainda assim, aprendi a viver com tão pouco.
A catar migalhas, a me dar por satisfeita com o que sobrou para mim.

Não faz sentido, Eu sei!
Mas viver com um pouquinho de você, ainda
é melhor que viver sem nada.

Então eu aceito, de forma consciente.
Porque entre tantas coisas que me ensinou,
viver sem você, não foi uma delas...

Talvez eu até saiba, mas difícil mesmo é querer,
difícil é escolher um mundo, onde você e eu,
eu e você sequer exista...

Logo o amor.

Logo o amor que é um sentimento tão grandioso, considerado um dos mais nobres,
logo ele que recebe a mais alta patente, altos pedestais. Se contenta com tão pouco.

O amor sobrevive de migalhas.
Se move por pequenas lembranças e por um grande desejo.
Quando achamos que ele esta morrendo, ele se reergue de um mísero sorriso.

Ele sobrevive a longas estações de solidão, sobrevive a centenas de noites em claro,
a longas distâncias, a tempestades de saudade. E ainda ASSIM, é capaz de fazer muito,
mesmo recebendo pouquíssimo...

Não subestimem o amor!
Ele se reergue depois de uma longa seca, de doses e mais doses de de indiferença.
Aguenta o desprezo, suporta a ausência, luta com a saudade dilacerante.

O amor faz promessas que não quer cumprir [ou não pode, ou ambos], o amor da fôlego,
ar aos pulmões, pulos aos nossos pés, medos ao nosso coração. O amor nos eleva,
e nos derruba, com a mesma sutileza de um trovão.

Só o amor é capaz de reunir todos os sentimentos e ainda assim fazer de nós vazios.
Ah o amor, aquele que deixa os dias mais longos, os sorrisos mais largos, as noites claras.
Tão grande e estranho amor!

Olhos castanhos

Lembro dos seus pequenos olhos brilhantes.
Aqueles que sempre me olhavam com ternura e profundidade,
não era capaz de esconder nada de você, em dois segundos
me decifrava sem esforço algum.

Por vezes parecia me entender melhor que eu, quantas vezes sentou
e me explicou o óbvio, quantas vezes sorriu com os lábios e com
aqueles pequenos e brilhantes olhos castanhos.

Saudades de você, deles e principalmente de nós.